Daphne du Maurier
A dama da Cornualha
«Last night I went to Mandarlay again». É com esta frase, simples e breve como um seixo da praia, que Daphne du Maurier abre o mais famoso dos seus romances, Rebecca. Hitchcock adaptou-o (depois de ter adaptado, ainda na sua fase britânica, outra obra da autora, A Pousada da Jamaica)e fez-nos voltar muitas vezes a essa mansão de Mandarlay assombrada por um amor tão perigoso como os baixios da Cornualha.
Digna herdeira das irmãs Brontë e das novelas góticas do século XIX, Daphne du Maurier nasceu há precisamente 100 anos (a 13 de Maio de 1907). Filha de uma família de escritores e actores, a gentil lourinha que vemos na fotografia cedo se tornou um caso sério de sucesso, em Inglaterra e fora dela. As brumas da Cornualha onde se decidira a viver decerto contribuiram fortemente para o ambiente de mistério e perdição em que envolveu as suas personagens, desde The House on the Strand, The King's General, Frenchman's Creek, Hungry Hill , My Cousin Rachel ou Mary Ann ou mesmo em short stories como The Birds (que inspirou outro filme de Hitchcock) ou Don't Look Now. Morreu a 19 de Abril de 1989. O seu nome evoca ainda um mundo de ténues fronteiras entre mortos e vivos.