A Europa dos livros - vá pelos seus dedos...

2007/10/25


Plataforma Editorial
Com uma vasta experiência editorial, o catalão (e também escritor) Jordi Nadal acaba de lançar uma nova chancela. Entre as colecções anunciadas, contar-se-ão

  • Actual: Temas relacionados com uma sociedade emergente, em mudança e dinâmica. O objectivo é explicar o mundo aos seus cidadãos mais conscientes, tendo em conta o sistema sócio-económico em que vivemos.
    Os autores, com formação científica e humanista, tratam temas como Psicologia, casal, novas formas de relacionamento, organização do tempo, família, trabalho, afectos e sentimentos.
  • Testemunho: Histórias pessoais de pessoas que foram testemunhas de uma experiência vital que as confrontaram com a adversidade, a dor ou o sofrimento, caminhos necessários para o crescimiento e o desenvolvimento pessoal. Livros que mostram a capacidade de resiliência. Pessoas que são capazes de crescer, mesmo em tempos difíceis. Pessoas que acrescentam algo ao mundo e aos seus semelhantes. Pessoas que não caem na amargura porque sabem ser positivas. Livros que dão sentido às nossas vidas.
  • Narrativa: Grandes obras do século XX, publicadas pela primeira vez ou reedições de obras literárias hoje impossíveis de encontrar.
  • Policial: Novelas negras. A colecção começa com a colecção do aclamado Friedrich Ani e do seu comissário Süden, mestre em encontrar as razões do desaparecimento de alguém.


    Para mais informações, consultar www.plataformaeditorial.com

2007/06/11



Daphne du Maurier

A dama da Cornualha


«Last night I went to Mandarlay again». É com esta frase, simples e breve como um seixo da praia, que Daphne du Maurier abre o mais famoso dos seus romances, Rebecca. Hitchcock adaptou-o (depois de ter adaptado, ainda na sua fase britânica, outra obra da autora, A Pousada da Jamaica)e fez-nos voltar muitas vezes a essa mansão de Mandarlay assombrada por um amor tão perigoso como os baixios da Cornualha.
Digna herdeira das irmãs Brontë e das novelas góticas do século XIX, Daphne du Maurier nasceu há precisamente 100 anos (a 13 de Maio de 1907). Filha de uma família de escritores e actores, a gentil lourinha que vemos na fotografia cedo se tornou um caso sério de sucesso, em Inglaterra e fora dela. As brumas da Cornualha onde se decidira a viver decerto contribuiram fortemente para o ambiente de mistério e perdição em que envolveu as suas personagens, desde The House on the Strand, The King's General, Frenchman's Creek, Hungry Hill , My Cousin Rachel ou Mary Ann ou mesmo em short stories como The Birds (que inspirou outro filme de Hitchcock) ou Don't Look Now. Morreu a 19 de Abril de 1989. O seu nome evoca ainda um mundo de ténues fronteiras entre mortos e vivos.

2007/01/16


O acontecimento do mês
Anna Karénina, Lév Tolstoi
Bela, elegante, sensível, irrepreensível mãe de família, Anna Karénina perde-se de si mesma e do mundo no momento fatal em que se cruza, numa estação de caminho-de-ferro, com o Conde Vrosnky. Desse encontro de olhares até ao suicídio no mesmo local distam quase 900 magníficas páginas que, finalmente, foram traduzidas do russo para português. A responsabilidade por feito de tal monta cabe ao tradutor António Pescada e à editora Relógio d'Água que acaba de colocar no mercado um belo volume (35 euros), enriquecido, à laia de posfácio, por um ensaio do também romancista Vladimir Nabokóv sobre a obra de Tólstoi.
Saúda-se o acontecimento porque nos oferece uma versão mais próxima do trabalho do escritor mas também porque a infeliz Anna Karénina é uma das personagens mais românticas e marcantes da literatura mundial. O cinema chamou-lhe sua já várias vezes, «emprestando-lhe», entre outros, os rostos de Greta Garbo (num filme de Clarence Brown, datado de 1936), Vivien Leigh (Julien Duvivier, 1947) e Sophie Marceau (Bernard Rose, 1997).
Aos muitos apaixonados por Anna Karénina, o Europa Viva - Associação Europeia para a Criatividade e Solidariedade Social proporciona a possibilidade de fazer a viagem da heroína entre Moscovo e São Petersburgo. Em Maio próximo, num percurso conduzido por Teresa Ferreira, professora de Língua e Cultura Russa da Faculdade de Letras de Lisboa, os viajantes visitarão alguns dos locais emblemáticos da obra de Tolstoi, que são, em muitos casos, ícones da História do país. Adivinha-se,pois, uma viagem de sonho.
PARA SABER MAIS:

2007/01/15

LUGARES COM CHEIRO A LETRAS




Biblioteca do British Museum, Londres

Como numa catedral, a imensa cúpula convida à elevação do espírito. Mas neste «templo» não há santos nem símbolos religiosos, apenas livros, livros e mais livros, alinhados ao longo de quilómetros de estantes dispostas em círculo. Nas escuras mesas de trabalho do Reading Room do British Museum, em Londres, ocuparam as suas horas de estudo leitores com a importância de Karl Marx, Gandhi, Rudyard Kipling, George Bernard Shaw, Lenin, H.G. Wells, Virginia e Leonard Woolf, entre tantos outros, cujos nomes estão inscritos na parede de entrada da monumental sala. Quantas obras-primas nasceram sob este céu de vidro? Quantas revoluções se congeminaram entre estes mesmos livros de pesadas encadernações?
Concebida em 1857 pelo arquitecto Sydney Smirke, a Sala esteve aberta ininterruptamente até 1997, quando deixou de ser a Sala Principal da British Library (agora a funcionar em St. Pancras)para se tornar um monumento, renovado pelo arquitecto Norman Foster.
Como o próprio Bristish Museum, este espaço constitui parte fundamental da iconografia londrina. Louis MacNeice dedicou-lhe um poema («The British Museum Reading Room») e boa parte do romance David Lodge, O Museu Britânico ainda vem abaixo tem-na como um dos seus principais cenários.

Maria João Martins

2007/01/10


Discurso directo
António Ferra

Nasceu no Porto em 1947, mas vive em Lisboa. Publicou várias obras nas áreas da pedagogia e da literatura para crianças. No campo da ficção, escreveu Crónicas dos Novos Feitos da Guiné, O Vermelho e o Negro, Olhar o Silêncio e Água e Fogo. Em 2002, publicou o seu primeiro livro de poesia, Com a Cidade no Corpo. Ilustrou as suas peças de teatro para a infância e participou em várias exposições, mantendo ao longo do tempo um trabalho de expressão plástica, como uma continuidade possível para o trabalho da escrita. Acaba de publicar, na Campo das Letras, o livro de poesia, A Palavra Passe.
A Palavra Passe é um livro de poesia que me parece bastante narrativo. Gosta de contar pequenas histórias através da poesia?
Há poemas com mais conteúdo narrativo do que outros (“Chá e lixo”, por exemplo). A narração, no poema, serve-me como metáfora para dizer outras coisas, ou como forma de criar um espaço de identificação para mim e para o leitor. De resto, as descrições acompanham esses esboços de narração. Mas isso é a poesia do olhar, da observação e da objectivação do eu no exterior, também espaço metafórico onde eu e os leitores se podem projectar.
Em termos de trabalho de linguagem, o que lhe proporciona a poesia?
A síntese, a depuração. Este livro – A Palavra Passe – demorou “uns anos” a ficar pronto. Além de ter eliminado muitos poemas, os que ficaram sofreram muitos cortes, até encontrar uma forma que, pensei eu, se adequava à expressão de certos sentimentos e ideias (v. prefácio). O que me parece é que o leitor pode não reparar nisso, o que não tem importância nenhuma. Há sequências que parecem frases espontâneas, ao correr da pena, mas isso é apenas aparência. Há muitas rimas disfarçadas, há uma cadência e um ritmo que tentei camuflar. Eu queria que o livro fosse “fácil” de ler.Tenho outra poesia, nomeadamente a satírica (inédita) em que outros ritmos são visíveis a olho nu, ritmos mais evidentes, mais convencionais.N’ ”A palavra Passe” há também um uso do vocabulário do cotidiano. Tenho mesmo um verso em que refiro isso directamente ( no poema ). O que talvez faça sentido, pois esta poesia parte das minhas vivências e das dos outros, mesmo que sejam imaginadas, como em qualquer fingimento poético

Olhar Suburbano, colagem, técnica mista


Também pinta. Que tipo de ligação estabelece entre estas duas formas de expressão? A expressão plástica – não exactamente a pintura – tem muito ver com a minha escrita. Baseia-se muito na observação, na recolha e utilização desses objectos. Não é por acaso que faço colagens (v. capa do livro “A Palavra Passe”) e utilizo outros elementos – que não a tinta – nos meus trabalhos. Em qualquer dos casos, na expressão plástica e na expressão escrita há, por vezes, uma primeira fase “gestual” , que depois é controlada e conceptualizada.Vale a pena ainda dizer que a preocupação ecológica de aproveitar e criticar o desperdício – a minha grande revolta – me parece clara na maior parte dos poemas deste livro (v. “fazia o favor de me” e “canalização”). Mas sobre isto é muito difícil falar sem ver o objecto artístico.Envio uma imagem de um trabalho meu, que pode dar uma ideia daquilo que acabo de dizer. Sob o ponto de vista de conteúdo, esta temática ( do desenho) está presente também na escrita, quer na poesia, quer na ficção.

Estante (novidades editadas em Portugal)

  • Afonso de Albuquerque, Minorias Eróticas e Agressores Sexuais (Publicações D.Quixote)
  • Ana Benavente/Maria Manuel Viana, Damas, Ases e Valetes (Teorema)
  • Ana Paula Tavares, Manual para Amantes Desesperados (Ed.Caminho)
  • Edmundo Pedro, Memórias - Um Combate pela Liberdade, volume I (Âncora Editora)
  • Enrique Vila-Matas, Doutor Pasavento (Teorema)
  • Gonzalo Torrente Ballester, Memória de um Inconformista (Âmbar)
  • Helder Macedo, Trinta Leituras (Editorial Presença)
  • Ignacio Martínez de Pisón, Enterrar os Mortos (Teorema)
  • Iris Murdoch, O Homem Acidental (Relógio d'Água)
  • Jean Ziegler, O Império da Vergonha (Asa)
  • José Dias Coelho, A Resistência em Portugal (Avante)
  • José Vegar, Serviços Secretos Portugueses (A Esfera dos Livros)
  • João Miguel Fernandes Jorge, Termo de Óbidos (Relógio d'Água)
  • Luís Cardoso, Requiem (Publicações Dom Quixote)
  • Malek Chebel e Lassaad Métoui, Os 100 Nomes do Amor (Europress)
  • Manuel Tavares Teles, Os Manuscritos Gertrudes (Guerra e Paz)
  • Manuel Vásquez Montálban, Milénio I e II (edições Asa)
  • Monica Ali, Alentejo Blue, Edição Caderno
  • Mário Matos e Lemos, Jornais Diários Portugueses (Ed. Ariadne)
  • Paula Elysey Mesquita, O que Billy quer vestir - Dinâmicas Sociossexuais em Willa Cather e William Faulkner (Campo das Letras)
  • Ricardo Pais, Actos e Variedades (Campo das Letras)
  • Rogério Fernandes, Alberto Lopes, Luciano de Faria Filho (orgs), Para a compreensão histórica da infância (ed. Campo das Letras)
  • Santiago Roncagliolo, Abril Vermelho (Teorema)